Associação acompanha casos de crianças e jovens transexuais que enfrentam problemas em escolas de Bauru: 'Luta contínua', diz mãe

  • 30/04/2025
(Foto: Reprodução)
Famílias ouvidas pela TV TEM relatam dificuldades no reconhecimento da identidade de gênero de seus filhos. Na região de Bauru, 26 alunos de escolas técnicas utilizam hoje o nome social; nas escolas estaduais, esse número chega a 43 estudantes. Associação acompanha crianças e jovens transexuais em escolas de Bauru Uma associação que presta atendimento a pessoas transexuais em Bauru (SP) acompanha ao menos quatro casos de famílias de crianças e jovens trans que enfrentam problemas dentro das escolas da cidade. A Associação de Mulheres Transexuais e Travestis (AMTT), aberta em outubro de 2024, atua como mediadora no diálogo entre pais e instituições de ensino. 📲 Participe do canal do g1 Bauru e Marília no WhatsApp A escola, que para a maioria é um espaço de aprendizado, amadurecimento e convivência, pode se tornar um ambiente de constrangimento, ansiedade e medo para estudantes trans. Famílias ouvidas pela TV TEM relatam dificuldades no reconhecimento da identidade de gênero de seus filhos. Associação acompanha casos de crianças e jovens transexuais que enfrentam problemas em escolas de Bauru Reprodução/TV TEM Uma dessas mães, que preferiu não se identificar para preservar a filha de 10 anos, uma menina trans que frequenta uma escola municipal, contou que precisou recorrer à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para garantir que a escola aceitasse o uso do nome social e a utilização de roupas femininas. "Na hora da alteração do nome, eu comuniquei a escola. Falei: 'Olha, a gente já vinha conversando, e ela realmente vai ser chamada pelo nome de menina'. Eles disseram que não tinham esse conhecimento, que não sabiam como proceder. Aí eu falei: 'Não, tem lei para isso'", relatou a mãe. "Levamos tudo embasado na lei e eles entenderam. Naquela mesma semana, acataram o nome social dela", completa. Após as adequações, ela percebeu mudanças positivas no comportamento e no rendimento escolar da filha. "A partir do momento em que se falou sobre o nome social e ela começou a ser chamada por ele, a gente viu uma melhora no tratamento médico dela. Os medicamentos para ansiedade e depressão infantil não foram mais necessários, então reduzimos muito a medicação. Às vezes, acolher a criança, respeitando como ela se sente, faz muita diferença", finaliza. Segundo Sophia Rivera, presidente da AMTT, a associação atua justamente para promover esse acolhimento. "O município não tem dispositivos nem estímulos para o debate de respeito à diversidade de gênero e sexualidade. A nossa vontade é adentrar esse espaço para que se faça uma formação e tenha um ambiente acolhedor e que garanta o direito dessas crianças e adolescentes", explica. Sophia Rivera, presidente da AMTT de Bauru (SP) Reprodução/TV TEM Identidade de gênero na infância O psicólogo clínico Florêncio Costa Júnior explica que não existe uma idade específica para a manifestação da identidade de gênero. "Algumas pessoas reconhecem isso já na primeira infância, por volta de quatro ou cinco anos; outras vão entender sua condição e identidade de forma mais tardia." "O caso das crianças, é muito importante que fiquemos atentos a essa manifestação de identidade, porque elas ainda não têm total autonomia sobre o que vão vestir ou como vão estabelecer suas interações sociais. A criança depende muito dos pais, e, se esses pais não acolherem, não entenderem ou não tiverem uma escuta receptiva, isso pode gerar vários problemas", finaliza. Psicólogo clínico Florêncio Costa Júnior em entrevista à TV TEM Reprodução/TV TEM Burocracias e legislação Na região de Bauru, 26 alunos de escolas técnicas utilizam hoje o nome social. Nas escolas estaduais, esse número chega a 43 estudantes. Para as famílias ouvidas pela TV TEM, a principal preocupação é o bem-estar dos filhos, independentemente de questões políticas, religiosas ou ideológicas. A mãe de um garoto trans matriculado em uma escola técnica contou que, embora o uso do nome social dele tenha sido aceito na matrícula, dificuldades surgiram no dia a dia. "É um processo mais burocrático, né? Então, é sempre necessário verificar as normativas. Acaba caindo em uma certa burocracia, mas é importante que os pais se movimentem de uma forma geral para buscar os direitos dos seus filhos. Independente da identificação de gênero, devemos acolher e lutar, porque essa é uma luta que começa agora e vai ser contínua." De acordo com uma resolução do Ministério dos Direitos Humanos publicada em 2023, os estudantes têm direito de usar o nome social e de utilizar o banheiro de acordo com o gênero com o qual se identificam. Associação acompanha casos de crianças e jovens transexuais que enfrentam problemas em escolas de Bauru Reprodução/TV TEM O que dizem os órgãos públicos Em nota, o Centro Paula Souza (CPS), responsável pelas Etecs, informou que desde o processo seletivo o estudante transgênero pode solicitar o uso do nome social. Uma vez aprovado, o aluno ou seu responsável pode oficializar essa solicitação na secretaria da unidade. O nome social é usado em documentos de circulação interna, como boletins e listas de chamada. A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) também informou que trabalha diariamente com questões relacionadas a identidade de gênero e que, para a inclusão do nome social, basta que o estudante protocole a solicitação na secretaria da escola. A Prefeitura de Bauru foi procurada, mas não se pronunciou até a última atualização desta reportagem. Veja mais notícias da região no g1 Bauru e Marília VÍDEOS: assista às reportagens da região

FONTE: https://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2025/04/30/associacao-acompanha-casos-de-criancas-e-jovens-transexuais-que-enfrentam-problemas-em-escolas-de-bauru-luta-continua-diz-mae.ghtml


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